A palavra mínima

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O livro que você tem em mãos é, no mínimo, insólito. Não é uma obra de apenas um gênero, seja de ficção, crônicas, humor, ou frases e epigramas, como existem tantos já publicados. Em suas páginas, no entanto, todos esses gêneros (e outros) podem ser encontrados, apresentando algo em comum: a brevidade. Daí o seu título. Raul Caldas Filho já exercera o seu poder de síntese em outros livros de ficção ou crônicas, através de minicontos ou flagrantes captados do cotidiano. Mas neste a síntese é essencial. E nos pequenos textos aqui presentes – tendo como foco “a condição humana” e o “estar no mundo”, como designou o autor – há de “tudo um pouco”: reflexões sobre o tempo, a vida, a morte, as crenças e as descrenças; a fugacidade dos relacionamentos amorosos; episódios eróticos e jocosos; agruras e tragédias do cotidiano (na série: “a crua realidade dos dias”); reminiscências da infância e juventude; diálogos místicos e de bar; críticas, sátiras, fantasias, sonhos, devaneios, indagações, observações e considerações sobre os mais diversos temas (alguns recorrentes), todos abordados de uma forma leve e (quase sempre) bem-humorada. Deve-se considerar ainda que, apesar do autor ter numerado os textos – de 1 a 300, com subdivisões –, não há a menor necessidade de o leitor seguir esta ordem. O livro pode ser aberto em qualquer página e o “recado” será o mesmo. Perfeito, aliás, para se ler em viagem, ou “em trânsito”, nesta época de terríveis engarrafamentos. Mas quem quiser seguir a numeração estabelecida também vai se deparar com uma deleitável leitura. Este é, portanto, um livro que, com seus textos mínimos, diverte e, ao mesmo tempo, faz pensar.